E a Grécia nunca mais foi a mesma
02/05/2007 - por Gabriel Pires Araujó
De repente você começa a pensar que talvez haja algo de errado todas aquelas aulas de História da Antiguidade que tinham na escola. Ícaro, Perseu, Medusa, Prometeu... depois de God of War 2, você começa a considerar a hipótese de que essas figuras “mitológicas” um dia existiram de verdade – até que um certo espartano careca e completamente estressado resolveu que ia arrancar todas as cabeças que conseguisse – seja animal, vegetal ou mineral. A nova aventura de Kratos é como o clássico de Joel Schumacher, Um Dia de Fúria, só que na Grécia. Com espadas. E mais sangue.
Incoerências escolares à parte, God of War 2 é a seqüência do imensamente popular game lançado em 2005 pela SCEA, e considerado um dos melhores no gênero de ação para o PlayStation 2 – nada mais justo do que a continuação repetir a proeza, provavelmente fechando com chave de ouro a história do console. Na verdade o segundo game da série consegue, de maneira surpreendente, melhorar todos os aspectos mais impressionantes do antecessor. O game está maior (tanto em termos de horas jogadas, quanto em termos de escala), mais bonito, mais variado e mais épico. O humor do protagonista piorou na mesma proporção.
No final de God of War vemos Kratos como um guerreiro espartano que fez o que nenhum mortal jamais havia sonhado: matou um deus e tomou seu trono como deus da guerra no Monte Olimpo. Porém, a vida de uma divindade não é fácil, principalmente quando se é um intruso. Zeus e seus colegas olímpicos (com exceção de Atena, a madrinha de Kratos) ignoram o espartano e não reconhecem seu direito como “membro da família”. Infelizmente para os mortais, é sobre eles que cai a fúria do novo Deus da Guerra: liderando as forças de Esparta, Kratos começa a atacar as principais cidades da Grécia e render seus povos. Os outros deuses, por sua vez, não ficam nada contentes com isso e decidem colocar o ex-mortal em seu lugar. Nesse momento começa uma nova viagem em busca de vingança que vai alterar o próprio destino da civilização.
Quem jogou game original não terá dificuldades em retomar a carnificina em God of War 2 funciona. Kratos continua tendo suas lâminas duplas como arma principal, e com ela dispõe de uma série de golpes, combos e truques mortais para lidar com todo tipo de criatura mitológica ou aberração infernal que apareça na sua frente. Os pulos, as esquivas, a defesa... tudo está lá da maneira que a equipe de David Jaffe deixou há dois anos atrás. Algumas pessoas podem até pensar que o segundo game é mais uma expansão do que uma seqüência – e de certa forma elas estão certas. Mas é nos detalhes que a aventura se prova e conquista seu lugar como um clássico. Todos os ataques especiais (agarrões, finalizadores de combos, e mortes por seqüência de botões) receberam animações inéditas, e os novos golpes abrem novas possibilidades de estratégia para os novos (e velhos) inimigos, e mesmo aqueles que já aterrorizaram os jogadores no original e estão de volta agora trazem suas surpresas. De modo geral, o jogo está mais desafiador do que o primeiro: os ataques dos monstros são mais letais, e é necessário usar muito mais as magias e o novo Rage of the Titans (equivalente ao Rage of the Gods) para conseguir ficar vivo. Outra reclamação constante do primeiro game foi consertada: o número de chefes foi aumentado, oferecendo um número bem maior de combates mais elaborados e interessantes.